Um pouco a reboque de uns
comentários que aqui foram colocados, e como de certa forma, já estava no
horizonte esse assunto, aqui ficam estas palavras.
Primeiro do que tudo importa
realçar que um processo de adopção é, também ele, um processo de crescimento
pessoal. Pelo menos, para nós, foi! E, olhando agora para trás, constato que
foi um Grande Crescimento.
E, sim… No início, quando nos
deparámos com aquelas perguntas do questionário, as nossas respostas recaíram
sobre uma criança caucasiana, pequenina (bebé), de sexo indiferente. E porquê?
Porque era aquilo que nos parecia
mais natural. Se calhar, até por questões culturais e sociais enraizadas, mas
que nos pareciam naturais. Rapaz ou Rapariga, pequeno para podermos educar e
formar, e caucasiano, porque somos caucasianos. Ponto.
E, eu sou daqueles que acredita
que, na Vida, nada acontece por acaso. Muitas vezes são as dificuldades que nos
abrem os olhos e nos despertam para a realidade, como uma verdadeira Chapada.
E, quando nos é dada a
“informação” de que o timing para a adopção de uma criança com aquelas
características ronda os 6 ou 8 anos, mas que pode ser mais ou menos, pois as
crianças não “caem do céu”, esta caiu como uma grande chapada. Um Abre Olhos
como alguns amigos dizem.
O facto de ser caucasiana ou mestiça,
pouco iria inflectir no tempo de espera. Ou seja, passaria de uns 6 a 8 anos, para
uns 4 a 6 anos… O que, para nós era tempo demais.
Desta dificuldade ou contratempo,
chamemos-lhe o que quisermos, veio a Luz. Conversámos sobre o que realmente
queríamos, qual era o nosso objectivo de vida e como o poderíamos alcançar.
Posso confessar que o apoio da
família, que já era imenso, ainda se manifestou de uma forma mais forte e
presente.
Presente e com um apoio total.
A ideia de terem um neto e/ou
primo de outra raça, em nada influiria no Amor e carinho que lhe iriam dar. E,
se existem crianças noutros países passíveis de ser adoptadas, e se estávamos
dispostos a percorrer meio mundo para ir buscar um filho e com isso concretizar
um sonho, então que nos atirassemos de cabeça.
Ou seja, se existia algum medo,
sabíamos que poderíamos contar com o apoio das nossas famílias para os
combater, e dos nossos verdadeiros amigos, também o iríamos certamente ter.
Também o facto de termos
conhecido um casal maravilhoso, que nos abriu as portas das suas casas e da sua
família, e nos mostrou como é adoptar Lá, contribuiu para que tivéssemos ainda
mais certeza de que era aquilo que realmente queríamos.
Juntando a isto a ideia que
perfilhamos de que, qualquer criança que seja adoptada tem o direito de saber
que o foi, e que isso não é um estigma na sua vida, mas sim algo que a fará
mais forte, tornou a raça um factor menor.
A idade? De 1 para os 2 anos? Se
calhar foi mais uma feliz coincidência… A nossa primeira filha tinha sido
recusada, por um casal, quando tinha 15 meses, porque era demasiado velha.
DEMASIADO VELHA COM 15 MESES??? Está tudo maluco???
Por tudo isto, acho que se consegue
perceber que a diferença na idade, entre 1 ou 2 anos, é pouco significativa.
Ainda são perfeitamente “moldáveis”, para além do facto de termos poucas ou
quase nenhumas memórias dos nossos primeiros anos de vida. Falo por mim, é
claro.
Depois da chegada da 1ª filha, a
questão racial colocou-se… E, não se estando a tratar de crianças como se fala
de um Pantone, optámos por alterar os nossos requisitos.
Em primeiro lugar, passou de sexo
indiferente para menina, pois assim todos quisemos cá em casa. Desde o pai,
passando pela mãe e sobretudo pela irmã, todos concordámos que seria uma
menina.
Na questão da raça, ou do tipo de
pele, resolvemos alterar o que tínhamos inicialmente pensado. Até porque
queríamos que elas tivessem uma união racial.
Então optámos por uma menina que
fosse mestiça, que poderia ter mais ou menos café no leite. :)
PS: Posso confessar que nunca
senti uma reacção racista. Ou é porque sou distraído, ou então é porque não
ligo mesmo a malta que não o merece.