segunda-feira, 20 de maio de 2013

O Porquê de Cabo Verde.


Depois de decidido que o caminho passaria por uma adopção internacional, foi necessário procurar. Desbravar este mundo e o outro. E nisso, a internet é uma grande ajuda. Tão grande como foi termos encontrado um casal fantástico que foi um dos pioneiros nesse mundo.

Casal esse que nos abriu as portas da sua casa, nos relatou as suas experiências de vida e nos apresentou as suas 2 filhas, fruto de 2 processos de adopção internacional. Neste caso, Cabo Verde.

Com eles ficámos a conhecer esta realidade, que muitas das vezes é extremamente dura e crua, cheia de altos e baixos, de avanços e recuos, mas sempre com um objectivo: a Felicidade. Dos pais e dos filhos.

E, como era fundamental a persistência e a perseverança, para combater e superar as dificuldades que aí viriam. Sim, um processo internacional é muito mais desgastante, quer financeira quer emocionalmente do que um processo nacional.

Como não existem coincidências, Cabo Verde sempre esteve muito presente nas nossas vidas. Tanto eu como a minha mulher temos grandes amigos cabo-verdianos: alguns nascidos lá, outros nascidos em Portugal mas descendentes de cabo-verdianos, e essa convivência também ela começava a influenciar o nosso caminho.

Esses Grandes Amigos foram, também eles, as nossas âncoras em momentos mais difíceis, e com a sua ajuda conseguimos superar muitas dificuldades.

Amigos cá e lá, amigos do coração, que nos abriram as portas das suas casas e das suas vidas, não descansando enquanto não conseguimos terminar a nossa demanda.

(Imagem retirada da internet)

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Crescimento Pessoal.


Um pouco a reboque de uns comentários que aqui foram colocados, e como de certa forma, já estava no horizonte esse assunto, aqui ficam estas palavras.

Primeiro do que tudo importa realçar que um processo de adopção é, também ele, um processo de crescimento pessoal. Pelo menos, para nós, foi! E, olhando agora para trás, constato que foi um Grande Crescimento.

E, sim… No início, quando nos deparámos com aquelas perguntas do questionário, as nossas respostas recaíram sobre uma criança caucasiana, pequenina (bebé), de sexo indiferente. E porquê?

Porque era aquilo que nos parecia mais natural. Se calhar, até por questões culturais e sociais enraizadas, mas que nos pareciam naturais. Rapaz ou Rapariga, pequeno para podermos educar e formar, e caucasiano, porque somos caucasianos. Ponto.

E, eu sou daqueles que acredita que, na Vida, nada acontece por acaso. Muitas vezes são as dificuldades que nos abrem os olhos e nos despertam para a realidade, como uma verdadeira Chapada.

E, quando nos é dada a “informação” de que o timing para a adopção de uma criança com aquelas características ronda os 6 ou 8 anos, mas que pode ser mais ou menos, pois as crianças não “caem do céu”, esta caiu como uma grande chapada. Um Abre Olhos como alguns amigos dizem.

O facto de ser caucasiana ou mestiça, pouco iria inflectir no tempo de espera. Ou seja, passaria de uns 6 a 8 anos, para uns 4 a 6 anos… O que, para nós era tempo demais.

Desta dificuldade ou contratempo, chamemos-lhe o que quisermos, veio a Luz. Conversámos sobre o que realmente queríamos, qual era o nosso objectivo de vida e como o poderíamos alcançar.

Posso confessar que o apoio da família, que já era imenso, ainda se manifestou de uma forma mais forte e presente.

Presente e com um apoio total.

A ideia de terem um neto e/ou primo de outra raça, em nada influiria no Amor e carinho que lhe iriam dar. E, se existem crianças noutros países passíveis de ser adoptadas, e se estávamos dispostos a percorrer meio mundo para ir buscar um filho e com isso concretizar um sonho, então que nos atirassemos de cabeça.

Ou seja, se existia algum medo, sabíamos que poderíamos contar com o apoio das nossas famílias para os combater, e dos nossos verdadeiros amigos, também o iríamos certamente ter.

Também o facto de termos conhecido um casal maravilhoso, que nos abriu as portas das suas casas e da sua família, e nos mostrou como é adoptar Lá, contribuiu para que tivéssemos ainda mais certeza de que era aquilo que realmente queríamos.

Juntando a isto a ideia que perfilhamos de que, qualquer criança que seja adoptada tem o direito de saber que o foi, e que isso não é um estigma na sua vida, mas sim algo que a fará mais forte, tornou a raça um factor menor.

A idade? De 1 para os 2 anos? Se calhar foi mais uma feliz coincidência… A nossa primeira filha tinha sido recusada, por um casal, quando tinha 15 meses, porque era demasiado velha. DEMASIADO VELHA COM 15 MESES??? Está tudo maluco???

Por tudo isto, acho que se consegue perceber que a diferença na idade, entre 1 ou 2 anos, é pouco significativa. Ainda são perfeitamente “moldáveis”, para além do facto de termos poucas ou quase nenhumas memórias dos nossos primeiros anos de vida. Falo por mim, é claro.

Depois da chegada da 1ª filha, a questão racial colocou-se… E, não se estando a tratar de crianças como se fala de um Pantone, optámos por alterar os nossos requisitos.

Em primeiro lugar, passou de sexo indiferente para menina, pois assim todos quisemos cá em casa. Desde o pai, passando pela mãe e sobretudo pela irmã, todos concordámos que seria uma menina.

Na questão da raça, ou do tipo de pele, resolvemos alterar o que tínhamos inicialmente pensado. Até porque queríamos que elas tivessem uma união racial.

Então optámos por uma menina que fosse mestiça, que poderia ter mais ou menos café no leite. :)

PS: Posso confessar que nunca senti uma reacção racista. Ou é porque sou distraído, ou então é porque não ligo mesmo a malta que não o merece.

terça-feira, 14 de maio de 2013

A 1ª “RECUPERAÇÃO”.


Após esta notícia, o Mundo como que parece desmoronar-se debaixo dos nossos pés. Contas e mais contas, e nunca menos dos 40 anos (Pai) é que conseguiriam vir a ser pais.

E porque não virarmo-nos lá para fora? Existem adopções internacionais? É possível? Já alguém o fez? E, estaríamos dispostos a isso? Nós e quem nos rodeia mais de perto, nomeadamente pais e família?

Porque não?

O AMOR é diferente conforme a cor da pele ou o tipo de cabelo? São menos crianças? São menos filhos?

Nada disso!!

Assim, depois da 1ª desilusão, chegou a 1ª esperança, uma luz ao fundo do túnel. Ainda pequena, mas que rapidamente viria a crescer…

segunda-feira, 13 de maio de 2013

O 1º “CHOQUE”.


Pois é…

Depois de recebido o tão esperado “papelinho”, há que saber o que se segue. E, para isso, nada melhor do que agendar uma reunião com os técnicos da SS e perguntar.

Atendendo às características da criança pretendida, até 1 ano, caucasiana, sexo indiferente, passível de possuir alguma doença que, dentro das nossas possibilidades, fosse passível de conseguir lidar, nomeadamente asma, diabetes, alergias, entre outras do género, o tempo expectável andaria entre os 6 a 8 anos.

PUMMMM… 6 a 8 ANOS ????

Há que esclarecer que as nossas idades eram 27 (Mãe) e 34 (Pai)… e, tendo em conta que a idade mínima eram os 25 anos, não se estava muito fora do prazo.

E, sim… este foi o 1º choque… GRANDE.

domingo, 12 de maio de 2013

O início desta “aventura”.


E como é que se começa uma “aventura” destas?

Primeiro que tudo, tem que existir VONTADE.

Vontade de construir algo, de constituir uma família, de dar e receber AMOR INCONDICIONAL, enfim, de ser PAI e MÃE.

Então, primeiro do que tudo foi necessário procurar informação sobre como e onde iniciar um Processo de Adopção.

E estávamos no verão de 2007, mais concretamente em Agosto.

Visitámos o site da Segurança Social, onde estava tudo explicado.

Então, iniciámos a nossa demanda de preencher papeladas, recolher documentos, entre eles Registos Criminais, Certidões de Nascimento e de Casamento, Declarações do IRS, Fotocópias dos documentos de identificação (BI’s na altura) e Fotografias.

Depois foi entregar tudo nos serviços da Segurança Social, que na altura estavam instalados na Rua de Santana à Lapa.

Fomos informados que a candidatura iria ser analisada e que o passo seguinte seriam 3 reuniões, 2 delas naquelas instalações e 1 em nossa casa, para “avaliação” das condições.

Ou seja, para que pudessem ver se tínhamos espaço para receber uma criança, se estavam reunidas as condições mínimas de salubridade, etc e tal… Pelo menos foi isso que nos pareceu.


E, sensivelmente 7 meses depois, chegou uma carta, com o tão aguardado certificado, atestando que tínhamos sido considerados um “casal adoptante”.

O Objectivo deste Blog


Antes de tudo, este despretensioso blog resulta da ideia de uns pais, que certo dia resolveram que adoptar seria algo presente nas suas vidas.

E, como muitos saberão, o quão difícil, moroso e penoso é todo este processo.

Assim, este blog tentará espelhar um pouco, o que foi e tem sido esta caminhada.

Desde o início, percorrendo todos os passos que nos for possível descrever, tentando assim desmistificar a adopção, relatando a nossa experiência e com isso partilhando-a com todos aqueles que, por esta razão ou outra, queiram aqui se juntar.

Chama-se “Adopção Cá e Lá” porque estes pais adoptaram 2 crianças, uma Cá e outra Lá, uma em Portugal e outra num país estrangeiro. Pretende assim mostrar as semelhanças e diferenças que os 2 processos tiveram, os pontos de convergência e de divergência, sem juízos de valor.

Todas as opiniões e contributos serão bem vindos, pois só assim poderemos construir um mundo melhor para os nossos filhos.

E, certamente que daqui a uns anos, eles gostarão de o ler e, quem sabe, partilhar na 1ª pessoa, as suas vivências.