sexta-feira, 27 de setembro de 2013

A Grande Amiga e madrinha L.

Já, por inúmeras vezes, temos falado na Madrinha da nossa filha mais velha. Pois bem, chegou a altura de a apresentarmos e de que modo ela foi fundamental neste processo.
Quando decidimos adoptar em Cabo Verde, foi-nos logo dito que seria importante se tivéssemos alguém conhecido lá.

Então lembrámo-nos logo da irmã de um grande amigo nosso, de infância. E assim foi. Contactámos com ela que, desde o primeiro momento nos apoiou em tudo e muito nos ajudou.

Desde o pressionar a nossa advogada, quando achámos que ela estava a deixar andar o processo, sem se mexer como devia; passando por ligar para o tribunal, questionando sobre a morosidade do processo; até receber-nos na sua casa e ajudar-nos a tratar das papeladas junto da embaixada de Portugal, na Praia.

Sim, a L é uma Mulher com M grande. Uma senhora que sabe o que quer e que não se deixa vencer pelas adversidades nem tão pouco aceita um não sem que lhe seja perfeitamente explicado o seu porquê.

Desde o primeiro dia até ao último, e foram muitos, ela sempre foi um enorme apoio.
E não pensem que isso se deveu unicamente ao facto de ser nossa amiga. Posteriormente e já por diversas vezes, ela ajudou diversos casais que por lá adoptaram, com conselhos, dicas, telefonemas e afins, sendo sempre solicita e estando pronta para ajudar todos aqueles, que como nós, adoptaram por aquelas terras, pois ela sabe que, independentemente dos motivos, se os pais caboverdianos dão os seus filhos para adopção, é porque acreditam que eles terão uma vida melhor do que aquela que eles lhes poderiam proporcionar.

Por isso, e por seres como és, aqui fica o nosso Muito Obrigado, L… estás sempre nos nossos corações.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

A preparação da viagem.

Eis então que é chegado o momento de preparar a viagem… e, há medida que se tratava de um pormenor, logo surgiam novas questões que necessitavam de ser resolvidas.

Primeiro que tudo, foi necessário tratar dos passaportes e respectivos vistos, pois é necessário visto para entrar em Cabo Verde.

Assim foi… com os passaportes na mão lá fomos à embaixada de Cabo Verde, solicitar os nossos vistos. Solicitar, Pagar e esperar que os mesmos fossem passados.

Depois, tratar da viagem propriamente dita. Ou seja, dos voos. E, de grande ajuda foi a MJ com os seus conhecimentos em agências de viagens, pois não é fácil explicar que vão 2 e regressam 3, sendo que pouco ou quase nada sabemos do 3 passageiro. E que as datas dos voos podem ter que sofrer algumas oscilações/ variações temporais, pois podia ser necessário passar mais uns dias numa ilha do que o inicialmente previsto.

Mas toda a gente foi muito compreensiva e prestável, de modo a que tudo pudesse ficar tratado, e com isso livrarmo-nos de mais uma dor de cabeça.

E o fazer das malas?

Tirando o facto de irmos para um país tropical no início de Outubro, que facilmente se resolve com mais ou menos casaco, t-shirt e calções, não vos passa pela cabeça a dificuldade que foi em escolher que roupa levar para a criança.

Quem tem um pouco de experiência com crianças sabe que o que diz a etiqueta nem sempre corresponde à realidade.

E quando só sabemos que ela tem 22 meses? E, só vimos 2 ou 3 fotos?

Sei que foi um exercício de adivinhação. E dos grandes. Ora se levava roupa maior, pois pela foto ela parecia bem grande e cheiinha, ora se colocavam roupas mais pequenas pois “imagina lá que ela é menor do que parece?”

Dos sapatos nem quero falar, pois foi quase tudo ao lado. O que vale é que ela trouxe uns, que deram para o gasto até chegarmos a Lx.

E tudo o que mais possam imaginar, pois não foi fácil encaixar tudo em 2 malas :P

Além disso, sabem o stress que é andar de malas às costas, de escala em escala, até ao destino final…

E do alojamento?

Foi procurar e procurar… e, deixar algumas das coisas na mão dos contactos que possas ter, nomeadamente dos teus advogados.

Assim foi… 1 dos hotéis foi relativamente fácil tratar pois era da ilha destino, e sabíamos quantos dias lá íamos ficar. Chegar 3 dias antes, para nos podermos instalar e conhecer a menina, ida a tribunal e arrancar para a ilha principal, onde se iria tratar das papeladas da criança (passaporte, visto, etc e tal), por isso uns 5 dias deveriam ser suficientes. E, só existia um Hotel/ resort naquela ilha ;)

O outro ficou completamente na mão da nossa advogada, que fez um trabalho excelente.


O 3º poiso foi a casa de uma Grande Amiga… o ombro que nos apoiou quando as coisas estavam negras e que sempre nos deu muita força… Em todos os momentos do longo processo, e ainda hoje… Mas isso será alvo de outro post, pois ela merece!

Mais uma ausência… forçada.

Olá a todos e todas…


Peço desculpa pela ausência, forçada, mas cá estamos nós, todos, de volta, para mais uns capítulos desta nossa epopeia... :)

terça-feira, 25 de junho de 2013

Burocracias e a agonia da espera.

Tomada a decisão, urgia resolver tudo o que fosse necessário, pois todos os minutos eram preciosos. Não víamos o momento de a ter junto a nós.

Foi então necessário contactar com a advogada e colocá-la em campo, de modo a que tratasse de toda a burocracia e que colocasse tudo a mexer.

Teve ainda que ser feita a ponte com o tribunal da ilha onde ela residia e com a família com quem ela estava, que não a sua família biológica.

Apesar de toda a celeridade possível, as férias judiciais estavam à porta e avizinhavam-se problemas.

Refira-se que as férias judiciais, em Cabo Verde são de 2 meses, Agosto e Setembro, e nesse período só os casos de vida ou morte é que andam… tudo o resto tem que esperar por Outubro.

Tentámos tudo por tudo…

Inclusive estivemos sentados numa agência de viagens, em frente à funcionária, à espera que chegasse uma resposta favorável do tribunal, mas nada se poderia resolver antes das ditas férias.

O juiz referiu que a audiência e audição das diversas pessoas até poderia ser antes, mas a decisão só seria proferida em Outubro.

Ou seja, ou esperávamos ou iriamos lá em Julho, conheceríamos a criança e seríamos ouvidos, e voltaríamos em Outubro, para a sentença… e isso nós não aguentaríamos.

Não se tratava somente da questão monetária, pois teríamos que fazer 2 viagens, mas o pior seria a violência psicológica de a conhecermos, estar com ela e depois termos que partir, deixando-a lá, sem sabermos como ela estaria, se estaria a ser bem tratada, etc e tal.

Penso que qualquer pessoa com o mínimo de sentimentos consegue compreender isto.

Por isso, decidimos e ficou agendado que seríamos ouvido em tribunal no dia 1 de Outubro, 1º dia depois das férias judiciais, mas teríamos que ir uns 2 ou 3 dias antes, para a conhecermos e privarmos com ela.

Esta foi a condição essencial imposta pelo juiz, pois segundo ele, não entregaria nenhuma criança a quem não a tivesse conhecido antes, pois dava muita importância à empatia que se devia estabelecer entre os futuros pais e a criança.


E assim foi…

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Tomar uma decisão quando se sabe tão pouco sobre a criança.

Realmente foi isso que se passou, no nosso caso.

Quando a notícia chegou, e com ela o vislumbre de uma criança e de que o momento tinha chegado, o primeiro pensamento que nos veio à cabeça foi o SIM… dizer logo e sem qualquer dúvida que sim, que se fosse possível que a metessem rapidamente num avião, que nós estaríamos no aeroporto para a apanhar…

Mas as coisas não são assim. E é preciso pensar friamente, com a cabeça no lugar (ou o mais possível atendendo às circunstâncias).

Não se está a tratar de um objecto, que se tiver defeito ou não se estiver contente, se leva a factura e se devolve. Estamos a falar de vidas humanas, de sentimentos, de laços que se vão dar e construir para uma vida.

Sobretudo, no nosso caso, o que nos metia mais medo eram as doenças que ela poderia ter e, caso assim fosse, de que modo conseguiríamos lidar com elas, ou não.

Assim sendo, pedimos à nossa advogada que nos desse o máximo de informação que existisse sobre essa criança e que fossem realizadas 2 análises: HIV e Hepatite.

Agora, pensando a esta distância, conseguimos ver que existem um sem número de outras doenças igualmente “perturbantes”, e que na altura nem pensámos nelas.

As informações que tínhamos eram poucas. A pequena foto, as análises que tinham sido pedidas, mas que nunca mais chegavam. As variáveis apresentavam-se quase como um salto no vazio, para a escuridão, quase como um salto de fé.

Mas, depois de se ter visto aquela foto, já não havia nada a fazer.


Era ela! Aquela era a nossa menina!

quarta-feira, 19 de junho de 2013

O tão esperado momento.

E então, poucos meses depois do nosso processo ter chegado a Cabo Verde, recebemos a notícia de que havia uma criança referenciada numa instituição local, e que caso concordássemos, que nos seria enviada informação sobre ela.

Nesse momento sentimos um enorme frio no estômago, acompanhado por um misto de sentimentos: felicidade, incredibilidade, medo…

De um momento para o outro deu-se uma reviravolta nas nossas vidas. Tudo entrou num enorme turbilhão de desejos: como é, que idade tem, é SAUDÁVEL? Queríamos saber tudo tudo, e ainda mais.

Tinha chegado o momento :)

No entanto, a informação era escassa, como se pode imaginar.

Entrámos em contacto com a advogada (daí termos optado por contratar uma advogada primeiro, pois não o queríamos fazer em cima do joelho, mesmo correndo o risco de ser de uma ilha distante daquela onde estaria a criança), e pedimos-lhe 1 coisa: análises ao HIV e Hepatite.

Chegou também uma foto. Atrevo-me a dizer que para nós, pessoas muito visuais talvez até por defeito profissional, que valorizamos imenso esse contacto, foi Muito Importante, pois desde logo se criou uma empatia tal que ainda hoje é difícil de explicar.

Refira-se que a foto era de uma tal qualidade que nem os “mágicos” do Photoshop conseguiram tratá-la. Mas deu para a criação desse laço.

Face a isto, pedimos à advogada que tratasse dos procedimentos para que o processo pudesse avançar.


E assim foi…

sábado, 15 de junho de 2013

O Início da Adopção Internacional.

Depois de decidido que iríamos partir para um adopção internacional e em Cabo Verde (e é importante saber onde se pretende adoptar), lá nos dirigimos aos serviços da SS para encetar esse mesmo processo.

Tal não foi o nosso espanto quando nos deparámos com mais burocracia. Para se iniciar um processo destes é necessário nova recolha de documentos oficiais, sim, os mesmos que já tinham sido pedidos para o processo inicial.

Isto porque os prazos de validade dos documentos já tinham expirado (muitos deles só têm 6 meses de prazo de validade), para além de que conforme os países, os documentos solicitados podem diferir.

Como o nosso caso seria remetido para Cabo Verde, e temos a mesma língua, não foi necessária a tradução oficial desses mesmos documentos. Caso não fosse o caso, seria necessário tratar dessa mesma tradução. E oficial, não basta que algum amigo nos traduza esses documentos. Essa tradução tem que ser validada.

Em relação a isto não temos mais informação, mas de qualquer maneira a Meninos do Mundo presta todo esse apoio.


Depois de recolhidas as novas vias dos documentos, lá os entregámos nos serviços da SS.
Nessa altura deparámo-nos com uma outra “dificuldade”.

Acho que posso dizer que a Adopção Internacional nem sempre é bem vista por alguns técnicos da SS.

Sim, pode ser um tiro no escuro… Mas, isso também pode acontecer por cá, ou não?

Claro que cá, à partida “estamos em casa”. E lá fora estamos num país estrangeiro, com outros hábitos e outra cultura, e eventualmente com outra língua. Mas, perante um cenário de espera tão elevado, acho que ninguém pode ser apontado por optar por algo que se apresenta como sendo relativamente mais célere.

Se este problema da morosidade não é da responsabilidade da SS, então que se procurem os verdadeiros culpados, pois não são os inúmeros casais que tentam adoptar. Ou são?

Passado este “problema”, lá foram entregues os documentos e o processo ficou pronto para seguir para as entidades competentes em Cabo Verde, nomeadamente o ICCA (Instituto Cabo-Verdiano da Criança e do Adolescente).

De seguida pensámos em contratar um advogado, pois sem ele este processo nunca poderia ser levado a cabo. Ou seja, em Cabo Verde é fundamental contratar um advogado, pois existem uma série de procedimentos que a isso obrigam. E, lá começou a nossa demanda.

Mais uma vez falámos com outros casais que conhecemos e que tinham adoptado por lá, com alguns amigos que são cabo-verdianos ou que vivem lá, trocámos emails e telefonemas com os tribunais e com isso elaborámos uma lista com possíveis advogados.

Claro que apesar disto tudo, é sempre um tiro no escuro e a escolha pode não se revelar a melhor. Mas, é decidir e seguir em frente.

E escolhemos uma.

Entrámos em contacto com o escritório e uma das suas assistentes era portuguesa e estava em Lisboa na altura. Encontrámo-nos e acertámos os pormenores.

Tivemos na altura conhecimento que outros casais que já tinham adoptado em Cabo Verde, que tinham optado por só contratar um advogado depois da criança ter sido referenciada. Nós optámos por proceder deste modo!

Mais uma vez reforçamos que, este é um relato da nossa experiência e que neste momento alguns dos passos podem já não ser estes.


Daí aconselhamos que contactem a Meninos do Mundo para informações actualizadas e esclarecimentos adicionais.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

A ausência no blog.

Chegou a criança de “cá”.

E atendendo à sua tenra idade, tem ocupado todo o tempo. 

Daí, não tem sobrado tempo para dormir e para escrever no blog… ou 1 ou outra ;)

O Casal MJ e P.

Ajuda muito, antes de se iniciar um processo destes, conhecer alguém que já o tenha feito. E nessa aspecto, o casa MJ e P foram excepcionais.

Tudo começou no momento em que a minha mulher descobriu um testemunho deles na net e lhes enviou uma mensagem. Com a resposta veio o convite para nos encontrarmos na sua casa, conversarmos e conhecermos as suas crianças, fruto de 2 adopções internacionais.
Explicaram-nos o que é que se deveria fazer e quais as expectativas que poderíamos e deveríamos ter, relataram-nos os seus casos e com isso desmistificaram muitos dos nossos receios.

Eram muitos, de facto, pois num processo deste, nem tudo são rosas... se no fim vêm a ser, podemos dizer que o caminho é repleto de Muitos Espinhos!

Hoje em dia, tornou-se um pouco mais fácil, pois surgiu a Meninos do Mundo, ONG que se dedica especificamente a este assunto e que é extremamente útil em muitos casos.

Aqui fica o link para o seu site.

http://www.meninosdomundo.org/

Explorem-nos, perguntem, envolvam-se!

segunda-feira, 20 de maio de 2013

O Porquê de Cabo Verde.


Depois de decidido que o caminho passaria por uma adopção internacional, foi necessário procurar. Desbravar este mundo e o outro. E nisso, a internet é uma grande ajuda. Tão grande como foi termos encontrado um casal fantástico que foi um dos pioneiros nesse mundo.

Casal esse que nos abriu as portas da sua casa, nos relatou as suas experiências de vida e nos apresentou as suas 2 filhas, fruto de 2 processos de adopção internacional. Neste caso, Cabo Verde.

Com eles ficámos a conhecer esta realidade, que muitas das vezes é extremamente dura e crua, cheia de altos e baixos, de avanços e recuos, mas sempre com um objectivo: a Felicidade. Dos pais e dos filhos.

E, como era fundamental a persistência e a perseverança, para combater e superar as dificuldades que aí viriam. Sim, um processo internacional é muito mais desgastante, quer financeira quer emocionalmente do que um processo nacional.

Como não existem coincidências, Cabo Verde sempre esteve muito presente nas nossas vidas. Tanto eu como a minha mulher temos grandes amigos cabo-verdianos: alguns nascidos lá, outros nascidos em Portugal mas descendentes de cabo-verdianos, e essa convivência também ela começava a influenciar o nosso caminho.

Esses Grandes Amigos foram, também eles, as nossas âncoras em momentos mais difíceis, e com a sua ajuda conseguimos superar muitas dificuldades.

Amigos cá e lá, amigos do coração, que nos abriram as portas das suas casas e das suas vidas, não descansando enquanto não conseguimos terminar a nossa demanda.

(Imagem retirada da internet)

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Crescimento Pessoal.


Um pouco a reboque de uns comentários que aqui foram colocados, e como de certa forma, já estava no horizonte esse assunto, aqui ficam estas palavras.

Primeiro do que tudo importa realçar que um processo de adopção é, também ele, um processo de crescimento pessoal. Pelo menos, para nós, foi! E, olhando agora para trás, constato que foi um Grande Crescimento.

E, sim… No início, quando nos deparámos com aquelas perguntas do questionário, as nossas respostas recaíram sobre uma criança caucasiana, pequenina (bebé), de sexo indiferente. E porquê?

Porque era aquilo que nos parecia mais natural. Se calhar, até por questões culturais e sociais enraizadas, mas que nos pareciam naturais. Rapaz ou Rapariga, pequeno para podermos educar e formar, e caucasiano, porque somos caucasianos. Ponto.

E, eu sou daqueles que acredita que, na Vida, nada acontece por acaso. Muitas vezes são as dificuldades que nos abrem os olhos e nos despertam para a realidade, como uma verdadeira Chapada.

E, quando nos é dada a “informação” de que o timing para a adopção de uma criança com aquelas características ronda os 6 ou 8 anos, mas que pode ser mais ou menos, pois as crianças não “caem do céu”, esta caiu como uma grande chapada. Um Abre Olhos como alguns amigos dizem.

O facto de ser caucasiana ou mestiça, pouco iria inflectir no tempo de espera. Ou seja, passaria de uns 6 a 8 anos, para uns 4 a 6 anos… O que, para nós era tempo demais.

Desta dificuldade ou contratempo, chamemos-lhe o que quisermos, veio a Luz. Conversámos sobre o que realmente queríamos, qual era o nosso objectivo de vida e como o poderíamos alcançar.

Posso confessar que o apoio da família, que já era imenso, ainda se manifestou de uma forma mais forte e presente.

Presente e com um apoio total.

A ideia de terem um neto e/ou primo de outra raça, em nada influiria no Amor e carinho que lhe iriam dar. E, se existem crianças noutros países passíveis de ser adoptadas, e se estávamos dispostos a percorrer meio mundo para ir buscar um filho e com isso concretizar um sonho, então que nos atirassemos de cabeça.

Ou seja, se existia algum medo, sabíamos que poderíamos contar com o apoio das nossas famílias para os combater, e dos nossos verdadeiros amigos, também o iríamos certamente ter.

Também o facto de termos conhecido um casal maravilhoso, que nos abriu as portas das suas casas e da sua família, e nos mostrou como é adoptar Lá, contribuiu para que tivéssemos ainda mais certeza de que era aquilo que realmente queríamos.

Juntando a isto a ideia que perfilhamos de que, qualquer criança que seja adoptada tem o direito de saber que o foi, e que isso não é um estigma na sua vida, mas sim algo que a fará mais forte, tornou a raça um factor menor.

A idade? De 1 para os 2 anos? Se calhar foi mais uma feliz coincidência… A nossa primeira filha tinha sido recusada, por um casal, quando tinha 15 meses, porque era demasiado velha. DEMASIADO VELHA COM 15 MESES??? Está tudo maluco???

Por tudo isto, acho que se consegue perceber que a diferença na idade, entre 1 ou 2 anos, é pouco significativa. Ainda são perfeitamente “moldáveis”, para além do facto de termos poucas ou quase nenhumas memórias dos nossos primeiros anos de vida. Falo por mim, é claro.

Depois da chegada da 1ª filha, a questão racial colocou-se… E, não se estando a tratar de crianças como se fala de um Pantone, optámos por alterar os nossos requisitos.

Em primeiro lugar, passou de sexo indiferente para menina, pois assim todos quisemos cá em casa. Desde o pai, passando pela mãe e sobretudo pela irmã, todos concordámos que seria uma menina.

Na questão da raça, ou do tipo de pele, resolvemos alterar o que tínhamos inicialmente pensado. Até porque queríamos que elas tivessem uma união racial.

Então optámos por uma menina que fosse mestiça, que poderia ter mais ou menos café no leite. :)

PS: Posso confessar que nunca senti uma reacção racista. Ou é porque sou distraído, ou então é porque não ligo mesmo a malta que não o merece.

terça-feira, 14 de maio de 2013

A 1ª “RECUPERAÇÃO”.


Após esta notícia, o Mundo como que parece desmoronar-se debaixo dos nossos pés. Contas e mais contas, e nunca menos dos 40 anos (Pai) é que conseguiriam vir a ser pais.

E porque não virarmo-nos lá para fora? Existem adopções internacionais? É possível? Já alguém o fez? E, estaríamos dispostos a isso? Nós e quem nos rodeia mais de perto, nomeadamente pais e família?

Porque não?

O AMOR é diferente conforme a cor da pele ou o tipo de cabelo? São menos crianças? São menos filhos?

Nada disso!!

Assim, depois da 1ª desilusão, chegou a 1ª esperança, uma luz ao fundo do túnel. Ainda pequena, mas que rapidamente viria a crescer…

segunda-feira, 13 de maio de 2013

O 1º “CHOQUE”.


Pois é…

Depois de recebido o tão esperado “papelinho”, há que saber o que se segue. E, para isso, nada melhor do que agendar uma reunião com os técnicos da SS e perguntar.

Atendendo às características da criança pretendida, até 1 ano, caucasiana, sexo indiferente, passível de possuir alguma doença que, dentro das nossas possibilidades, fosse passível de conseguir lidar, nomeadamente asma, diabetes, alergias, entre outras do género, o tempo expectável andaria entre os 6 a 8 anos.

PUMMMM… 6 a 8 ANOS ????

Há que esclarecer que as nossas idades eram 27 (Mãe) e 34 (Pai)… e, tendo em conta que a idade mínima eram os 25 anos, não se estava muito fora do prazo.

E, sim… este foi o 1º choque… GRANDE.

domingo, 12 de maio de 2013

O início desta “aventura”.


E como é que se começa uma “aventura” destas?

Primeiro que tudo, tem que existir VONTADE.

Vontade de construir algo, de constituir uma família, de dar e receber AMOR INCONDICIONAL, enfim, de ser PAI e MÃE.

Então, primeiro do que tudo foi necessário procurar informação sobre como e onde iniciar um Processo de Adopção.

E estávamos no verão de 2007, mais concretamente em Agosto.

Visitámos o site da Segurança Social, onde estava tudo explicado.

Então, iniciámos a nossa demanda de preencher papeladas, recolher documentos, entre eles Registos Criminais, Certidões de Nascimento e de Casamento, Declarações do IRS, Fotocópias dos documentos de identificação (BI’s na altura) e Fotografias.

Depois foi entregar tudo nos serviços da Segurança Social, que na altura estavam instalados na Rua de Santana à Lapa.

Fomos informados que a candidatura iria ser analisada e que o passo seguinte seriam 3 reuniões, 2 delas naquelas instalações e 1 em nossa casa, para “avaliação” das condições.

Ou seja, para que pudessem ver se tínhamos espaço para receber uma criança, se estavam reunidas as condições mínimas de salubridade, etc e tal… Pelo menos foi isso que nos pareceu.


E, sensivelmente 7 meses depois, chegou uma carta, com o tão aguardado certificado, atestando que tínhamos sido considerados um “casal adoptante”.

O Objectivo deste Blog


Antes de tudo, este despretensioso blog resulta da ideia de uns pais, que certo dia resolveram que adoptar seria algo presente nas suas vidas.

E, como muitos saberão, o quão difícil, moroso e penoso é todo este processo.

Assim, este blog tentará espelhar um pouco, o que foi e tem sido esta caminhada.

Desde o início, percorrendo todos os passos que nos for possível descrever, tentando assim desmistificar a adopção, relatando a nossa experiência e com isso partilhando-a com todos aqueles que, por esta razão ou outra, queiram aqui se juntar.

Chama-se “Adopção Cá e Lá” porque estes pais adoptaram 2 crianças, uma Cá e outra Lá, uma em Portugal e outra num país estrangeiro. Pretende assim mostrar as semelhanças e diferenças que os 2 processos tiveram, os pontos de convergência e de divergência, sem juízos de valor.

Todas as opiniões e contributos serão bem vindos, pois só assim poderemos construir um mundo melhor para os nossos filhos.

E, certamente que daqui a uns anos, eles gostarão de o ler e, quem sabe, partilhar na 1ª pessoa, as suas vivências.