Tomada a decisão, urgia resolver
tudo o que fosse necessário, pois todos os minutos eram preciosos. Não víamos o
momento de a ter junto a nós.
Foi então necessário contactar
com a advogada e colocá-la em campo, de modo a que tratasse de toda a
burocracia e que colocasse tudo a mexer.
Teve ainda que ser feita a ponte
com o tribunal da ilha onde ela residia e com a família com quem ela estava,
que não a sua família biológica.
Apesar de toda a celeridade
possível, as férias judiciais estavam à porta e avizinhavam-se problemas.
Refira-se que as férias
judiciais, em Cabo Verde são de 2 meses, Agosto e Setembro, e nesse período só
os casos de vida ou morte é que andam… tudo o resto tem que esperar por
Outubro.
Tentámos tudo por tudo…
Inclusive estivemos sentados numa
agência de viagens, em frente à funcionária, à espera que chegasse uma resposta
favorável do tribunal, mas nada se poderia resolver antes das ditas férias.
O juiz referiu que a audiência e
audição das diversas pessoas até poderia ser antes, mas a decisão só seria proferida
em Outubro.
Ou seja, ou esperávamos ou
iriamos lá em Julho, conheceríamos a criança e seríamos ouvidos, e voltaríamos
em Outubro, para a sentença… e isso nós não aguentaríamos.
Não se tratava somente da questão
monetária, pois teríamos que fazer 2 viagens, mas o pior seria a violência
psicológica de a conhecermos, estar com ela e depois termos que partir,
deixando-a lá, sem sabermos como ela estaria, se estaria a ser bem tratada, etc
e tal.
Penso que qualquer pessoa com o
mínimo de sentimentos consegue compreender isto.
Por isso, decidimos e ficou
agendado que seríamos ouvido em tribunal no dia 1 de Outubro, 1º dia depois das
férias judiciais, mas teríamos que ir uns 2 ou 3 dias antes, para a conhecermos
e privarmos com ela.
Esta foi a condição essencial
imposta pelo juiz, pois segundo ele, não entregaria nenhuma criança a quem não
a tivesse conhecido antes, pois dava muita importância à empatia que se devia
estabelecer entre os futuros pais e a criança.
E assim foi…