quinta-feira, 16 de maio de 2013

Crescimento Pessoal.


Um pouco a reboque de uns comentários que aqui foram colocados, e como de certa forma, já estava no horizonte esse assunto, aqui ficam estas palavras.

Primeiro do que tudo importa realçar que um processo de adopção é, também ele, um processo de crescimento pessoal. Pelo menos, para nós, foi! E, olhando agora para trás, constato que foi um Grande Crescimento.

E, sim… No início, quando nos deparámos com aquelas perguntas do questionário, as nossas respostas recaíram sobre uma criança caucasiana, pequenina (bebé), de sexo indiferente. E porquê?

Porque era aquilo que nos parecia mais natural. Se calhar, até por questões culturais e sociais enraizadas, mas que nos pareciam naturais. Rapaz ou Rapariga, pequeno para podermos educar e formar, e caucasiano, porque somos caucasianos. Ponto.

E, eu sou daqueles que acredita que, na Vida, nada acontece por acaso. Muitas vezes são as dificuldades que nos abrem os olhos e nos despertam para a realidade, como uma verdadeira Chapada.

E, quando nos é dada a “informação” de que o timing para a adopção de uma criança com aquelas características ronda os 6 ou 8 anos, mas que pode ser mais ou menos, pois as crianças não “caem do céu”, esta caiu como uma grande chapada. Um Abre Olhos como alguns amigos dizem.

O facto de ser caucasiana ou mestiça, pouco iria inflectir no tempo de espera. Ou seja, passaria de uns 6 a 8 anos, para uns 4 a 6 anos… O que, para nós era tempo demais.

Desta dificuldade ou contratempo, chamemos-lhe o que quisermos, veio a Luz. Conversámos sobre o que realmente queríamos, qual era o nosso objectivo de vida e como o poderíamos alcançar.

Posso confessar que o apoio da família, que já era imenso, ainda se manifestou de uma forma mais forte e presente.

Presente e com um apoio total.

A ideia de terem um neto e/ou primo de outra raça, em nada influiria no Amor e carinho que lhe iriam dar. E, se existem crianças noutros países passíveis de ser adoptadas, e se estávamos dispostos a percorrer meio mundo para ir buscar um filho e com isso concretizar um sonho, então que nos atirassemos de cabeça.

Ou seja, se existia algum medo, sabíamos que poderíamos contar com o apoio das nossas famílias para os combater, e dos nossos verdadeiros amigos, também o iríamos certamente ter.

Também o facto de termos conhecido um casal maravilhoso, que nos abriu as portas das suas casas e da sua família, e nos mostrou como é adoptar Lá, contribuiu para que tivéssemos ainda mais certeza de que era aquilo que realmente queríamos.

Juntando a isto a ideia que perfilhamos de que, qualquer criança que seja adoptada tem o direito de saber que o foi, e que isso não é um estigma na sua vida, mas sim algo que a fará mais forte, tornou a raça um factor menor.

A idade? De 1 para os 2 anos? Se calhar foi mais uma feliz coincidência… A nossa primeira filha tinha sido recusada, por um casal, quando tinha 15 meses, porque era demasiado velha. DEMASIADO VELHA COM 15 MESES??? Está tudo maluco???

Por tudo isto, acho que se consegue perceber que a diferença na idade, entre 1 ou 2 anos, é pouco significativa. Ainda são perfeitamente “moldáveis”, para além do facto de termos poucas ou quase nenhumas memórias dos nossos primeiros anos de vida. Falo por mim, é claro.

Depois da chegada da 1ª filha, a questão racial colocou-se… E, não se estando a tratar de crianças como se fala de um Pantone, optámos por alterar os nossos requisitos.

Em primeiro lugar, passou de sexo indiferente para menina, pois assim todos quisemos cá em casa. Desde o pai, passando pela mãe e sobretudo pela irmã, todos concordámos que seria uma menina.

Na questão da raça, ou do tipo de pele, resolvemos alterar o que tínhamos inicialmente pensado. Até porque queríamos que elas tivessem uma união racial.

Então optámos por uma menina que fosse mestiça, que poderia ter mais ou menos café no leite. :)

PS: Posso confessar que nunca senti uma reacção racista. Ou é porque sou distraído, ou então é porque não ligo mesmo a malta que não o merece.

2 comentários:

  1. Eu após ter adoptado um rapaz de etnia africana cá em Portugal, numa 2ª adopção após termos ponderado muito, colocamos raça indiferente. Na verdade desejávamos uma criança de etnia africana,para o nosso filho ter alguém próximo com quem se identificar a nível físico...mas por uma questão de principio, não quisemos colocar requisitos em relação à etnia.
    As circunstancias levaram-nos a adoptar em Cabo Verde uma menina, que por mera coincidencia, a sua cor de pele tem o mesmo numero na escala "pantone" da cor de pele do meu filho.

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    1. Pois Patrícia. Nós depois de termos adoptado a nossa princesa em Cabo Verde, até explicámos às técnicas que queríamos mesmo uma menina de uma cor semelhante, com um cabelo semelhante, para elas se poderem identificar... Mas olha... afinal, saiu-nos uma que é mais clara e com caracóis mais definidos, mas que é fruto de uma relação inter-racial! Agora somos mesmo mais coloridos cá em casa... :D

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